segunda-feira, 13 de março de 2017

Outono 00

Cheiro de terra molhada
Vento soprando uivar
Céu de chumbo cinzento
Frio começa pegar

Gotas batem no vidro
Embasando a visão da janela
E eu olhando o vazio
Sentindo saudades dela

Vento continua soprando
Nuvens a se dissipar
Céu aos poucos azulando
O Sol começa penetrar

Sai o frio da alma
Aquecido novo alvorecer
Acordei e sigo mais um dia
Evoluindo sem você!

São Gonçalo, 02 de junho de 2016.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Resenha sobre "A Verdade e as Formas Jurídicas", de Michel Foucault


Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de Ciências Sociais
Eletiva sobre Michel Foucault
Prof.: Márcia Leite
Aluno: Élbio Henrique Mendes Ribeiro.



Conferência I




Em determinado momento, em um pequeno planeta do sistema solar, um animal inteligente criou o conhecimento. Michel Foucault, em “As Verdades e as Formas Jurídicas”, quer mostrar como as práticas sociais podem chegar a engendrar domínios de saber que não só fazem aparecer novos objetos, técnicas, mas também sujeitos de conhecimento. O sujeito de conhecimento tem uma história. O sujeito de conhecimento histórico. A história do saber em relação com as práticas sociais, sem um sujeito de conhecimento dado definitivamente. Recusa utilizar o método marxiano que em sua análise lhe parece que vendo somente pelo lado econômico, o sujeito histórico é pré-determinado.

A verdade só existe porque alguém sabe o que é a verdade. O que diz, no mundo, o que é a verdade é a ciência.

Ele aborda este tema com três eixos temáticos:
I)                   A História do Conhecimento;
II)                Eixo metodológico de análise dos discursos;
III)             Eixo da reelaboração da teoria do sujeito.

Como discurso Foucault entende o conjunto regular de fatos lingüísticos em determinado nível, e polêmicos e estratégicos de outro nível. E entende a análise do discurso como jogo estratégico e polêmico. Em busca dos mecanismos que transformam os instintos em conhecimento e que só acontecem através do ser humano.

Que sujeito de conhecimento é esse? É o sujeito que se constitui através de um discurso que é um conjunto de estratégias que fazem parte das práticas sociais. Em qual se manifesta a história interior da verdade.

Com esses elementos definidos ele busca a história da verdade e nessa busca encontra, nas práticas jurídicas, a maneira pela qual, entre os homens, se arbitra os danos e as responsabilidades, o modo pelo qual, na história do Ocidente, se concebeu e se definiu a maneira como os homens podiam ser julgados em função dos erros que haviam cometido. Maneira como se impôs a determinados indivíduos a reparação de algumas de suas ações e a punição de outras.

As formas jurídicas e sua evolução no campo do direito penal como lugar de origem de um determinado número de formas de verdade. Certas formas de verdade podem ser definidas a partir da prática penal. O inquérito apareceu na Idade Média como forma de pesquisa da verdade no interior da ordem jurídica.

Relaciona a obra de Nietzsche à sua fala citando que:

“o que digo aqui só tem sentido se relacionado à obra de Nietzsche que me parece ser, entre os modelos de que podemos lançar mão para as pesquisas que proponho, o melhor, o mais eficaz e o mais atual. Em Nietzsche, parece-me, encontramos efetivamente um tipo de discurso em que se faz a análise histórica do nascimento de um certo tipo de saber, sem nunca admitir a preexistência de um sujeito de conhecimento.” (pág. 13)

Porque Nietzsche não considera o conhecimento como uma coisa natural do ser humano. O conhecimento não tem uma origem, um ursprung. Pois sim, é inventando, tendo um erfindung. Quando fala de invenção Nietzsche sempre tem em mente a palavra origem como oposição.  O conhecimento é uma invenção e não tem origem. Para Nietzsche Schopenhauer cometeu equívoco ao procurar a origem da religião em um sentido metafísico, presente em todos os homens: o núcleo, essência, modelo ao mesmo tempo verdadeiro e essencial de toda religião. Tempo e espaço seriam apenas o alicerce onde o conhecimento se apóia e não formas do conhecimento. Portanto o conhecimento não seria uma coisa que já nascesse desde a criação do Universo e tem uma origem, um núcleo, uma essência original. Ele não é algo naturalmente dado, é inventado. Segundo Nietzsche,

“Foi por obscuras relações de poder que a poesia foi inventada. Foi igualmente por relações de poder que a religião foi inventada. Vilania portanto de todos estes começos quando são opostos à solenidade da origem tal como é vista pelos filósofos.” (págs. 15 e 16)

O conhecimento é uma invenção e não tem origem. O conhecimento não é uma atribuição natural. Não é como caminhar, ouvir, falar. Ele foi inventado.  Não existe uma ligação determinada pela natureza entre o conhecimento e as e as coisas a conhecer. Não deriva da natureza humana, o conhecimento. Ele nem mesmo é aparentado com o mundo a conhecer. Não é natural para a natureza ser estudada, conhecida e dominada. É contra-instintivo o conhecimento. Ele não é o instinto e nem muito menos é instintivo.

Não existindo relação entre conhecimento e as coisas a conhecer, Deus, certamente, é o princípio que liga o conhecimento às coisas que serão objeto do conhecimento. Deus faz com que ambas as coisas tenham a mesma natureza. Aqui então Foucault nos coloca que se o conhecimento, para Nietzsche, domina os instintos e Deus é o elemento de ligação entre o conhecimento e a natureza.

Para Foucault, Nietzsche refuta a idéia de unidade entre conhecimento e mundo a conhecer. Nietzsche acredita que o conhecimento é fabricado pelos instintos mas não deriva dele e não é o instinto, nem mesmo tem a mesma a natureza nem nenhuma afinidade. Instintos, aqui, poderiam estar, talvez, ligados aos sentidos propriamente.  

Desde Descartes que Deus faz o papel de ligar o conhecimento às coisas que devem ser conhecidas. O conhecimento não tem uma origem pois não tem uma natureza. Ele, o conhecimento, foi inventado. Spinoza entendia o conhecimento como adequação, deveríamos estar despojados de paixões para conhecer as coisas e o mundo. Nietzsche acredita que deve haver choque para que haja o conhecimento. Segundo Nietzsche pela lente de Foucault, só á conhecimento se entre o homem e o que ele conhece se estabelece algo como uma luta. Só há conhecimento se houver uma relação de poder e dominação do ser humano para com as coisas. O ser humano lhes impõe relação de força. E então Foucault nos apresenta o objeto dessas conferências:

Eis, portanto, como através dos textos de Nietzsche podemos restituir não uma teoria geral do conhecimento, mas um modelo que permite abordar o objeto destas conferências, o problema da formação de um certo número de domínios de saber a partir de relações de força e de relações políticas na sociedade. (pág. 26)

Para Foucault o modelo de Nietzsche o permite abordar o tema por não ser uma teoria geral do conhecimento e o objeto de suas conferências é o problema da formação de um certo número de domínios de saber a partir de relações de força e de relações políticas na sociedade. Nas conferências que vão prosseguir neste texto, vamos ver que Foucaul não considera as condições políticas e econômicas de existência não são uma cortina que encobre a verdade aos olhos dos indivíduos como o quer a tradição marxiana da academia. Antes, estas condições são as terras férteis de onde originam-se os sujeitos de conhecimento e as relações de verdade.

Serão apresentados por Foucault nas conferências que seguem alguns esboços da história da verdade a partir da história das práticas judiciais de onde nasceram as formas de verdade que ainda perduram em nossa sociedade:

Até na ciência encontramos modelos de verdade cuja formação releva das estruturas políticas que não se impõem do exterior ao sujeito de conhecimento mas que são, elas próprias, constitutivas do sujeito de conhecimento. (pág. 27).

--  Fim da Conferência I --


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Henry V. Miller




Agora que me liguei 
Completei 32 
E comecei o 33
Quero ver depois

Se Jesus morreu com 33
Na cruz ao lado de dois
Homens que por sua vez
Santo só Jesus foi

Eu se fizer 34
No lucro saio satisfeito
Pois Jesus já pagou o pato
Por todos pecados que tenho feito

Élbio Ribeiro - São Gonçalo, 05 de junho de 2013.

domingo, 19 de maio de 2013

Decidido





tomei uma decisão
sem ter com quem compartilhar
os limites da razão
da atitude que vou executar

mas farei de bom grado
inflarei-me de coragem
colocarei a mão no aradado
e vou parar de sacanagem

da minha vida ser o timoneiro
sem me importar com o que vão pensar
independente de ter ou não dinheiro
eu vou me supercultivar

serei taxado de egoísta
de malandro e o escambau
de maldizeres uma lista
coleciono desde o colegial

mas vou seguir em frente
percebi que a vida é curta
e quem manda nela é a gente
que sabe o peso da labuta

Élbio Ribeiro - 19/05/2013.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Mariana, Flores Azuis



Eu sou o mar, eu sou o vento
A liberdade e o devir
Todo e qualquer conhecimento
Que na estrada adquirir

Amazona que domina
De Cupido a Prometeu
Esta luz que me ilumina
Vem de dentro, é o Meu Deus

Fui trazida aqui na Terra
Com a missão de encantar
Com este Deus ao meu lado
Vivo para iluminar

Vou aos cantos mais escuros
Ao mais gelado coração
Mostrando aos seres em apuros
O caminho da redenção

Coitado é aquele
Que tentar me aprisionar
Cairá em vil pecado
Mostra que não sabe amar

Como uma borboleta
Eu vivo de flor em flor
Polinizo e levo vida
Onde quero ter amor

Para ser o meu amante
Não basta somente querer
Ser viril, confiante
Atributos tem de ter

Fertilmente sigo a vida
Das águas sou feita mulher
E deixo todos na dúvida
Mal me quer, bem me quer

Élbio Ribeiro, 04 de maio de 2013.